sábado, 13 de fevereiro de 2010

Por detrás da mangueira (Bruno Galera)

Disse-me uma vez uma sábia companheira que haveria algo tão divino neste mundo se não as mangas e o sabor que lhes foi concedido. Ainda mais divino são as canções, elas nos aproximam do Ser divino. Ainda mais humano é o amor, ele, quando sabiamente trocado, nos aproxima uns dos outros. Ainda mais humano é a esperança, é ver além do que se vê e saber que ali existe paz, pois o amor, quando em paz, faz coisas tão belas qual um Sol a nascer por detrás de uma mangueira. A C.W.S., com carinho, sempre, porque é você e porque sou eu.



"Sol que girassole,
Sole mio amore"

(Zeca Baleiro)



Ah, vê o Sol

nascer

por detrás

[da mangueira

A fruta

A primeira

vez

em que os meus olhos

fitaram os teus cabelos

Serão loiros

ou será o Sol

a brilhar

por detrás

[da mangueira?


A flecha

tão certeira

fez

os meus lábios

tocarem a tua boca

Será um raio?

Ai, que coisa

[mais louca

eu achei

por detrás

[da mangueira


Será a manga tão doce?

Ou será um eclipse?

Se a Lua faz do Sol

o seu ninho

Sou luz e você

o meu caminho


Ah, vê o Sol

se por

por detrás

[da mangueira

A cor

A primeira

vez

em que minhas mãos

repousaram os teus seios

Será a Lua

ou serão dois sóis

a girar

por detrás

[da mangueira?


A flor

da ribeira

fez-se

noite

e mil estrelas

Será o perfume?

São coisas

[tão belas

te amei

por detrás

[da mangueira


Será a manga tão doce?

Ou será um eclipse?

Se a Lua faz do Sol

o seu ninho

Sou luz e você

o meu caminho



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ela é tão bonita (Bruno Galera)

Essa letra é o meu retorno à temática do amor sublime, da entrega, da descoberta e da paixão. Seu tom mais introspectivo se propõe a esse efeito shakespeariano de falar de amor. O curioso é que a construção de “Ela é tão bonita” se estendeu por mais de um ano. Quando escrevi os primeiros versos, parei; depois, teimosamente, escrevi um ou outro nos meses seguintes. Só agora encontrei o tom para finalizá-la. Quem sabe o porquê? Seria por não haver do que se falar há um ano OU por que hoje eu sei exatamente o que desejo cantar? Eis minha resposta...


"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe."
(William Shakespeare)



Ela tem um jeito que é

[só dela

Quando acena a aurora

[o céu é seu

Ela é tão bonita

E eu sou tão plebeu


Ela vê a rua da janela

Ouve na toada

[um verso meu

Ela é tão menina

Que menino

[o Sol nasceu


Ela corre e o vento

vem e vela

Quase que o sopro

[se perdeu

nos seus cabelos

Ai, quem ciranda

agora sou eu.


Ela tem um jeito que é

[só dela

Quando acena a aurora

[é o som e o mel

Ela é tanto minha

E eu sou tanto seu


Ela faz-se nua

[e da janela

Ouve a escalada

um passo meu

Ela é tão julieta

E eu sou tão

romeu


Ela corre e o vento

sentinela

Quase que o assovio

[se perdeu

Em tons de música

Ai, a musa e o verso

[é meu.


Ela tem um jeito que é

[só dela

Quando acena a aurora

[o céu é seu

Ela é tão bonita

Teu eu todo meu.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Camisa gola polo (Bruno Galera)

Não sou Chico, mas quero tentar. Há muito tempo me desafiava a escrever uma canção mais erótica e envolvente. Encontrei um caminho "descuidado com cuidados especiais" para transformar desejo e prazer em palavras. Aprecie sem moderação!

“Nosso caso é um caso sério

porque ele não é sério demais

É um jogo descuidado

com cuidados especiais.” (Toquinho)


O nosso caso é um quase tão sério

nem os mais céticos podem duvidar

e tem uns lances que dane-se

[os que pensem

É um jogo herético e vem

[me arrebatar


E eu me esfolo

descolo num colo

Camisa gola polo

pra te arrepiar

Você me atiça a faísca

[e belisca

tem um quê de malícia

pra me provocar


O nosso caso é um quase tão sério

nem os políticos podem argumentar

e tem uns lances que dancem

[os que vivem

É um jogo erótico

ne me quitte pas


E eu me esfolo

descolo num colo

Camisa gola polo

pra te arrepiar

Você me deixa e se queixa

[minha gueixa

mas depois me beija

pra quase sufocar


Você me enrosca me acerta

[na mosca

Eu canto uma música

pra te agradar

Você me acende e me prende

[e me entende

e à noite me rende

de prazer e mar.


E eu me esfolo

descolo num colo

Camisa gola polo

pra te arrepiar

Você me avança balança

[e me cansa

no leito descansa

pra recomeçar




sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tempos de chuva (Bruno Galera)

Quando escrevi "O Tempero" pensei em uma certa massa na qual, quando acrescida de açúcar, as dores viravam notas doces e sons de múltiplos sabores! Acredito que encontrei nessa nova letra (e música) outra essência dessa massa, a qual é a vida humana em seus mais diferentes temperos! "De um potinho de massinha" eu recrio minha intimidade enquanto poeta, minha cor e essência musical! Eu sou o mestre do meu destino, capitão de minha alma, almirante de aventuras e desventuras de minha vida! Ela é a princesa, a flor, a musa e o primeiro tom dessa música (o essencial)! Se "falar de amor exige mestria", eu reúno Chico, Vinícius, Tom, Oswaldo, Taiguara, Camões, Nando e tantos outros como meus mestres maiores, homenageando-os em trechos dessa canção que, com um tom nostálgico e outro empolgante, re-vive a maior aventura humana, aquela que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda. Perdoe-me, Cecília! Não estou falando de liberdade apenas...


De um potinho de massinha
e da arte de modelar
Eu fiz soar assim
[mansinha
Prenda imensa
Meu carinho, teu olhar

Em busca de algo além
[do infinito
Como a quem vence em
[Trafalgar
Sou almirante e o meu destino
é feito de sal, terra e
[a - mar

Vai, parte para R-O-M-A
Quem sabe quando voltar
invertendo-se as letras
A-M-O-R, você há de me
[encontrar?

De um potinho de massinha
e da arte de encantar
Entendi que só mar
não há fronteiras
E meu abraço é
[teu conforto, nosso lar

Como mestre do meu caminho
Minha vida é um carrossel
Sou trovador e nos tempos
[de chuva
Princesa, eu sou teu menestrel

Vai, parte para R-O-M-A
Quem sabe quando voltar
invertendo-se as letras
A-M-O-R, você há de me
[encontrar?

Por isso, meu bem
olhe e cuidado
Para que esse medo
[de me amar
Não faça esse olhos
passarem pelos meus
Sem você se-quer notar...

que a vida passa num instante
Sem fantasia, é muito pouco
[pra sonhar
Falar de amor exige mestria
E nesse fogo a chama arde
[sem queimar

Vai, parte para R-O-M-A
Quem sabe quando voltar
invertendo-se as letras
A-M-O-R, você há de me
[encontrar?

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sirenatta (Bruno Galera)

"Sirenatta" é um neologismo. Trata-se da junção carinhosa entre "sirenetta", que significa "pequena sereia" em italiano, e serenata. Lenda e música, mulher e som, melodia. Para quem me tem do jeito artista, poeta, menino e companheiro, e só ela tem. Buon giorno, principessa!


Well, tem som e o vento

quando baila no mar

faz castelos de areia

e a princesa ao luar

enfeita-se de estrelas

conchas vestem seu véu

sereia, sirenetta, serenata

ser mel...

e o dia, well, tem samba

capoeira e oxalá

Oxum na cachoeira

óia o canto

[e o sabiá

anuncia que hoje é festa

e vem pra dançar

que a noite é uma folia

e nela eu vou é me esbaldar.


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Paraty (Mar Branco)

"Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber".

É com esta passagem da letra de "Anima" de Milton Nascimento e Zé Renato que procuro a inspiração lapidada para escrever sobre algo tão íntimo quanto a redescoberta de si em si mesmo. O que é ser poeta revelado em menino e o menino recriado no poeta? Ser feixe e a luz é minha cor e essência? Ser pedra transformada em límpido cristal? Ser a voz calada não o silêncio?

Lembro-me de um Soneto de Camões:

"Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como idéia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma"

Na busca pela inspiração além da matéria, recordei-me de Alan Kardec ao escrever que

"Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a Lei".

Eis minha mais nova composição inspirada ainda no lindo comentário de uma eterna fonte de inspiração e admiração mútua: "Outra Brilhante Rapsódia, Impetuoso Gênio Admirador Da Arte! Poesia Ensolarada, Lira Afetuosa, Melodia Universal: Sensações Insensatas Curiosamente Aflorando!"

Renascer em ty
da fonte o curso
imerso em meio
antes do Sol
nascer em si
o primeiro
[sopro o vento
reinventa o mar.

Renascer em mim
calada a voz
não o silêncio
no fim o início
o novo, um recomeço
feixe de luz de
cor e essência.

Renascer em ty
da pedra um límpido
[cristal
na boca um doce
’sabor divino
[e o sal
como brilha.

Renascer em mim
do todo que não existia
e o que da noite
em claro
[fez-se o dia
no menino
o poeta nele
[revela.

Renascer enfim
o que há de mais puro
[e belo
navegando em mares tão diversos
Universos
[uno versos
Encanto, Paraty

Clara
Luz
Anima
Um
Dia
Inteiro
Amor.



sábado, 24 de outubro de 2009

Florescer (Bruno Galera)

Florescer é vida, é arte pintada de poesia nas cores do amor. Fiz essa canção ensolarada porque meu coração é Sol que "pinta um’aquarela"; porque quando alguém está só existe sempre quem se transforme em tela para, juntos, colorirem a vida. Como Drummond profetizou que "uma flor nasceu na rua", assim nascem as paixões. Minha paixão pela poesia floresce nesses versos. Ensolarize você também sua vida, sua arte! A lembrar que das flores, o jasmim significa graça e beleza delicada; a camélia revela-se como a grandeza da alma em sua perfeita beleza; o alecrim é a coragem e a felicidade; já o cravo se tempera com o aroma da canela para significar o amor puro e latente, a entrega e também a liberdade. São muitos os significados...encontre a sua própria flor-essência para brilhar, sempre.



Vem, ela vem, ela vem, ela vem (2x)


Vi o Sol pintar um’aquarela

Quando eu só, você se fez em tela

E cores, mil cores, sabores e

[jasmim.


Vem, ela vem, ela vem, ela vem (2x)


Veio moça, o mel, o amor e bela

Fez-se em vida toda a primavera

E flores, mil flores, camélia e

[alecrim.


Vem, ela vem, ela vem, ela vem (2x)


Misturei ao cravo e à canela

O meu todo que me cabe nela

Vem, faz um bem esse dengo

[ó meu bem.


Vem, ela vem, ela vem, ela vem (2x)


Nasce fonte, a arte oculta e vela

O laço, o verso e nasço sentinela

de quem só me tem desse jeito

[e ela tem...


Vem, ela vem, ela vem, ela vem (2x)

Vem, ela vem, ela vem, ela flor e ser (2x)